Publicar artigo

PGR defende veto à repatriação de criança em casos de violência doméstica

Carolina Villela Por Carolina Villela
6 de fevereiro de 2025
no STF
0
PGR defende veto à repatriação de criança em casos de violência doméstica

O procurador-geral da República, Paulo Gonet, manifestou-se parcialmente favorável à Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 7686, que questiona uma norma da Convenção de Haia sobre o sequestro internacional de crianças, em julgamento no Supremo Tribunal Federal. 

LEIA TAMBÉM

Possibilidade de recursos retarda prisão dos condenados por tentativa de golpe. Saiba o que acontece agora com Bolsonaro e outros 7 réus

Extrema-direita brasileira e estadunidense rejeitam condenação e fala em “perseguição política”

Autor da ação, o PSOL pede que, se houver suspeita de violência doméstica, o STF proíba a repatriação de crianças ao país de origem se elas forem trazidas ao Brasil pela mãe sem a autorização do pai. O argumento é que as exceções de não retorno da criança, previstas no tratado, também deveriam ser aplicadas quando o menor não for a vítima primária direta ou exposta ao perigo.

“Havendo elementos concretos, objetivos, que apontem para a essa realidade hostil, realidade agressiva para os interesses do menor, uma vez que a nossa Constituição exige atenção absoluta, prioritária para a criança, esse fato já seria cenário para uma objeção ao retorno”, afirmou.

Gonet citou como exemplo de indícios que poderiam configurar cenário prejudicial à criança no país de origem,o fato da mulher não poder fazer o registro da violência doméstica no país em que ela se encontrava.

O objeto da ação é a exceção contida no artigo 13 b do tratado internacional, que impede a devolução imediata de crianças transferidas irregularmente quando se provar que existe risco grave de, no retorno, ela ser submetida a perigos de ordem física ou psíquica, ou, de qualquer modo, ficar numa situação intolerável.

Luciene Cavalcante, advogada do PSOL, defendeu que, se houver suspeita de violência doméstica, o STF inclua o retorno dos menores nas regras de exceções do tratado e proíba a repatriação dessas crianças ao país de origem se elas forem trazidas ao Brasil pela mãe sem a autorização do pai. 

“São mulheres em vulnerabilidade que possuem o direito de serem acolhidas e protegidas com os seus filhos”.

A advogada chegou a se emocionar na tribuna e fez um apelo aos ministros do Supremo. 

“Clamamos por justiça e que a Convenção de Haia seja aplicada a partir dos princípios da nossa Constituição”. 

Rodrigo Carmona, que representou a Advocacia – Geral da União, se manifestou pela interpretação conforme a Constituição. No entanto, afirmou que a AGU entende que a violência doméstica só se encaixa nas exceções de não retorno da criança ao país de origem, se for comprovada. 

Ele alertou que, se o Brasil adotar a medida baseada apenas em suspeitas, corre o risco de ser exposto internacionalmente como não cumpridor da Convenção. 

“ Se o Brasil seguir uma linha isolada correremos o risco de os países entenderem que não estamos cumprindo a Convenção. Se isso ocorrer, deixarão de aplicar a reciprocidade e deixarão de atender os nossos pedidos de cooperação”, afirmou. 

A deputada Soraya Santos, representante da Câmara dos Deputados, discordou da AGU. Ela ressaltou que o tratado foi assinado há mais de 40 anos e precisa ser atualizado. E que o simples risco já é um agravante para impedir a repatriação da criança. Segundo ela, a forma como a Convenção está sendo interpretada tem sido algoz para as mães de Haia, que não deveriam ser tratadas como sequestradoras.

“A Constituição é clara, em qualquer conflito que o que se sobrepõe é a vida”.

Depois das sustentações orais, o julgamento foi suspenso e o início da votação ainda será marcado.

 

 

Autor

  • Carolina Villela
    Carolina Villela

Post Views: 177

Relacionados Posts

Possibilidade de recursos retarda prisão dos condenados por tentativa de golpe. Saiba o que acontece agora com Bolsonaro e outros 7 réus
Head

Possibilidade de recursos retarda prisão dos condenados por tentativa de golpe. Saiba o que acontece agora com Bolsonaro e outros 7 réus

12 de setembro de 2025
Twittada de Carlos Bolsonaro com a hashtag "Querem matar Bolsonaro"
Julgamento do Século

Extrema-direita brasileira e estadunidense rejeitam condenação e fala em “perseguição política”

11 de setembro de 2025
Penas acima de 20 anos confirmam a gravidade dos atos e fatos perpetrados pelos mandantes do golpe
AO VIVO

Penas acima de 20 anos confirmam a gravidade dos atos e fatos perpetrados pelos mandantes do golpe

11 de setembro de 2025
Primeira turma do STF em julgamento que condenou Jair Bolsonaro a 27 anos de prisao
Julgamento do Século

Saiba como foi calculada a pena aplicada a Bolsonaro pelo STF

11 de setembro de 2025
“Encerramos um ciclo de atraso na história brasileira marcado por tentativas de golpismo e de quebra de legalidade”, diz Barroso
Julgamento do Século

“Encerramos um ciclo de atraso na história brasileira marcado por tentativas de golpismo e de quebra de legalidade”, diz Barroso

11 de setembro de 2025
“A próxima parada é o Complexo da Papuda”, afirma líder do PT Lindbergh Farias
Julgamento do Século

“A próxima parada é o Complexo da Papuda”, afirma líder do PT Lindbergh Farias

11 de setembro de 2025
Próximo Post
Zanin quer informações sobre o “vale-peru” concedido pelo TJMT

Zanin quer informações sobre o "vale-peru" concedido pelo TJMT

NOTÍCIAS POPULARES

Sem conteúdo disponível

ESCOLHIDAS PELO EDITOR

A foto mostra o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, investigado por tentativa de golpe de Estado. Ele é um homem branco com cabelos pretos.

Testemunhas de Anderson Torres negam direcionamento político em ações durante as eleições

27 de maio de 2025
CNJ mantém condenação de juíz por praticar assédio moral contra servidores

CNJ mantém condenação de juiz por praticar assédio moral contra servidores

3 de julho de 2025
Polícia Federal prende chileno que estava foragido no Brasil

MPF e Polícia Federal apuram esquema de tráfico internacional de mulheres

22 de julho de 2025
TRE-BA adota linguagem simples para aproximar Justiça Eleitoral da população

TRE-BA adota linguagem simples para aproximar Justiça Eleitoral da população

1 de agosto de 2025
  • STF
  • Hora do Cafezinho
  • Palavra de Especialista
  • OAB
  • Congresso Nacional
  • Artigos
  • STF
  • Hora do Cafezinho
  • Palavra de Especialista
  • OAB
  • Congresso Nacional
  • Artigos
  • Quem somos
  • Equipe
  • Política de Respeito à Privacidade
  • Fale Conosco
  • Artigos
  • Quem somos
  • Equipe
  • Política de Respeito à Privacidade
  • Fale Conosco
  • Artigos

Hora Jurídica Serviços de Informação e Tecnologia Ltda. – CNPJ 58.084.027/0001-90, sediado no Setor Hoteleiro Norte, Quadra 1, lote “A”, sala 220- Ed. Lê Quartier, CEP:70.077-000 – Asa Norte – Brasília-DF

Contato: 61 99173-8893

© 2025 Todos direitos reservados | HJUR Hora Jurídica

Maximum file size: 2 MB
Publicar artigo
  • STF
  • Hora do Cafezinho
  • Palavra de Especialista
  • OAB
  • Congresso Nacional
  • Artigos
  • STF
  • Hora do Cafezinho
  • Palavra de Especialista
  • OAB
  • Congresso Nacional
  • Artigos
Sem Resultados
Ver todos os Resultados
  • STF
  • Hora do Cafezinho
  • Palavra de Especialista
  • OAB
  • Congresso Nacional
  • Artigos

© 2025 Todos direitos reservados | HJUR Hora Jurídica