A Primeira Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva condenou o atacante Bruno Henrique, do Flamengo, a 12 partidas de suspensão e multa de R$ 60 mil por manipulação de resultado. A decisão foi tomada nesta quinta-feira (4) após análise de denúncia que acusava o jogador de forçar cartão amarelo contra o Santos, em outubro de 2023, para beneficiar apostadores. Além do atacante rubro-negro, outras quatro pessoas foram punidas pelo tribunal por envolvimento no esquema de apostas esportivas.
A votação entre os cinco auditores resultou em quatro votos favoráveis à condenação pelo artigo 243A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva. Apenas Guilherme Martorelli divergiu, absolvendo Bruno Henrique da acusação principal e aplicando punição mais branda. A defesa do jogador pode recorrer ao Plenário do STJD buscando efeito suspensivo da decisão.
Maioria dos auditores seguiu relator do caso
Alcino Guedes, auditor e relator, conduziu julgamento absolvendo Bruno Henrique do artigo 243, mas condenando pelo 243A. Guilherme Martorelli foi único a discordar, absolvendo completamente da acusação principal e aplicando multa de R$ 100 mil. William Figueiredo, Carolina Ramos e Marcelo Rocha acompanharam entendimento do relator sobre pena e multa.
O artigo 243A pune quem “atuar de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar resultado”. A pena prevista varia de seis a 12 partidas para atletas, além de multa. Bruno Henrique recebeu punição mínima estabelecida pela legislação desportiva, demonstrando certa benevolência do tribunal.
Esquema envolveu irmão e amigos do jogador
A Procuradoria do STJD denunciou em agosto cinco pessoas envolvidas no esquema de manipulação. Além de Bruno Henrique, foram punidos seu irmão Wander Nunes Pinto Junior e três amigos. Douglas Ribeiro Pina Barcelos, Claudinei Vitor Mosquete Bassan e Andryl Sales Nascimento dos Reis completam lista de condenados.
Segundo investigação, atacante reforçou “acordo” com apostadores vésperas da partida contra Santos em 31 de outubro. O jogador teria enviado mensagem ao irmão confirmando que cumpriria promessa de receber advertência. A partida terminou com vitória flamenga por 2 a 1, mas cartão amarelo saiu conforme combinado.
A denúncia apontou que Bruno Henrique agiu deliberadamente para favorecer apostas em mercado específico. Mensagens obtidas pela investigação confirmaram articulação prévia entre jogador e apostadores através de intermediários. O caso representa primeiro grande escândalo de manipulação envolvendo atleta de expressão no futebol brasileiro.
Punição pode afetar temporada do Flamengo
A suspensão de 12 jogos afeta diretamente planejamento do Flamengo para reta final da temporada. Bruno Henrique é peça importante no esquema tático e sua ausência pode comprometer objetivos do clube. O atacante disputou posição de titular durante 2025 e vinha sendo aproveitado regularmente.
Caso recurso não seja aceito ou não tenha efeito suspensivo, jogador ficará fora até dezembro. A punição abrange todas as competições organizadas pela CBF, incluindo Campeonato Brasileiro e Copa do Brasil. Flamengo ainda não se manifestou oficialmente sobre estratégia jurídica para defender o atleta.
O precedente estabelecido pelo STJD sinaliza rigor crescente contra manipulação de resultados no futebol. Outros casos similares estão em investigação e podem resultar em punições semelhantes. A decisão reforça necessidade de maior controle sobre apostas esportivas envolvendo atletas profissionais.
Artigo 243A estabelece penas severas
O dispositivo legal utilizado para condenar Bruno Henrique prevê punições rigorosas para manipulação de resultados. Em caso de reincidência, atleta pode ser eliminado definitivamente do futebol brasileiro. A legislação busca preservar integridade das competições e credibilidade do esporte nacional.
A multa de R$ 60 mil representa valor simbólico comparado aos salários do futebol profissional. Entretanto, suspensão de 12 jogos causa prejuízo financeiro e esportivo significativo ao jogador. O caso deve servir como exemplo para outros atletas tentados a participar de esquemas similares.