Da Redação
O Judiciário brasileiro vive uma grande mudança tecnológica silenciosa. Uma pesquisa divulgada nesta terça-feira (16) pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) mostra que tribunais de todo o país estão incorporando rapidamente ferramentas de inteligência artificial para tornar a Justiça mais rápida e eficiente.
Os números impressionam: foram registrados 178 projetos de IA em 2024, sendo 98 completamente novos. Quase todos os tribunais do país – 92 dos 95 existentes – participaram da pesquisa, demonstrando o alcance nacional dessa transformação.
“A IA não substitui o trabalho do Judiciário, mas é uma grande aliada”, explica Daniela Madeira, presidente do Comitê Nacional de Inteligência Artificial do Judiciário. “Ela automatiza tarefas repetitivas, analisa grandes volumes de dados e apoia decisões complexas.”
Chatbots ganham espaço nos tribunais
Uma novidade da pesquisa de 2024 foi o mapeamento do uso de inteligência artificial generativa – aquela dos chatbots como ChatGPT. Quase metade dos tribunais (45,8%) já usa essas ferramentas, principalmente para escrever textos, fazer resumos e corrigir erros ortográficos.
Entre os que ainda não adotaram a tecnologia, 81% pretendem implementá-la em breve, sinalizando que o crescimento deve continuar acelerado.
Justiça Estadual lidera inovação
A Justiça Estadual está na vanguarda, concentrando 48 dos projetos desenvolvidos. Na sequência aparecem a Justiça Eleitoral (17 projetos), do Trabalho (14) e Federal (8). Dos 98 novos projetos de 2024, quase metade (42,9%) já está funcionando na prática. Outros 26,5% ainda estão sendo desenvolvidos, enquanto 15,3% passam por testes.
Mas nem tudo são flores. Mais de 80% dos projetos ainda não estão integrados ao Sinapses, a plataforma oficial do CNJ para IA no Judiciário. Apenas 10% conseguiram integração total. Além disso, 37% dos tribunais não desenvolveram nenhum projeto de IA em 2024. Os principais motivos? Falta de pessoal especializado e priorização de outros projetos tecnológicos.
Segundo a pesquisa, as principais motivações dos tribunais são buscar mais eficiência e agilidade no trabalho, inovar processos internos e aumentar a precisão em tarefas repetitivas.
“Tarefas que antes levavam semanas para analisar dados agora são processadas em segundos”, destaca o juiz João Thiago de França Guerra, mentor da pesquisa. “Mas essa transformação deve ser responsável e transparente.”
A pesquisa, realizada desde 2020 pelo programa Justiça 4.0 – parceria entre CNJ e ONU –, coleta dados diretamente dos tribunais para acompanhar essa revolução tecnológica que promete tornar a Justiça brasileira mais moderna e acessível.
Os dados completos da pesquisa estão disponíveis no Painel de Pesquisa sobre Inteligência Artificial 2024 do CNJ.