Por Hylda Cavalcanti
Como se não bastasse o cansaço com as sustentações orais e declarações dos vários advogados de defesa, o final da sessão desta quarta-feira (03/09) do Supremo Tribunal Federal (STF) referente ao julgamento dos réus acusados de tentativa de golpe de Estado foi marcado por surpresas. Em primeiro lugar, apareceu um trompetista na parte de trás do Supremo que tocou, durante cerca de 10 minutos, uma marcha fúnebre.
A “apresentação” do músico, conhecido nas redes sociais como “Fabiano Trompetista”, pegou jornalistas e advogados de surpresa, de saída da Corte. E foi tida como uma espécie de comemoração à possível condenação dos réus, dentre os quais está incluído o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Seguranças do Tribunal ainda correram para conter o músico rebelde mas ele estava tocando do outro lado da rua do anexo 3 e seguiu rapidamente em direção ao prédio do Tribunal de Contas da União (TCU).
Críticas à delação de Cid
O término da sessão também foi marcado por declarações diversas de políticos e operadores do Direito. Celso Vilardi, um dos advogados de defesa de Bolsonaro, saiu do Tribunal criticando a delação premiada do ex-tenente-coronel Mauro Cid.
Vilardi disse que os ministros do STF pareceram dar a entender que, mesmo tendo sido observado que foram cometidas omissões e contradições na delação de Cid, o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro ainda poderá ser “presenteado” com redução de penas a serem impostas no final do julgamento.
Parlamentares de olho no Congresso
A senadora Teresa Leitão (PT-PE) e o deputado Orlando Silva (PC do B- SP) que acompanharam toda a sessão, também falaram com a imprensa mas aproveitaram para focar as atenções nas articulações que estão sendo feitas entre partidos políticos de oposição que desembarcaram da base aliada do governo.
Conforme explicaram, a intenção desse grupo é anistiar todos os réus dos atos de 8 de janeiro de 2023 e os articuladores da tentativa de golpe de Estado.
Inconstitucionalidade reiterada
Também os deputados Lindberg Farias (PT- RJ) e Orlando Silva (PC do B – SP) afirmaram que a luta deles daqui por diante será impedir a votação do Projeto de Lei no Congresso que objetiva “blindar” Bolsonaro e os generais de alta patente que são réus na Ação Penal 2668.
Farias e Silva destacaram que os integrantes do grupo (atuais réus) foram responsáveis pela “articulação de um conjunto de ações estratégicas que afrontam o Estado Democrático de Direito”.
E reiteraram declarações de que a anistia a crimes de violação ao Estado Democrático de Direito é inconstitucional. A sessão que dará continuidade ao julgamento está programada para se realizar na terça-feira da próxima semana (09/08).