O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou neste domingo (30) que manteve uma conversa telefônica com Nicolás Maduro, líder do regime venezuelano. A revelação ocorre em meio à escalada de tensões entre Caracas e Washington, e à intensificação de manobras militares americanas no Caribe.
Embora tenha admitido o contato com Maduro, Trump se recusou a detalhar o conteúdo da conversa. “Eu não quero comentar sobre isso. A resposta é sim”, disse o presidente americano ao ser questionado por jornalistas a bordo do avião presidencial Air Force One.
Encontro ou asilo: versões conflitantes sobre diálogo
A informação sobre o telefonema já havia sido divulgada pelo jornal The New York Times, que mencionou até a possibilidade de Maduro visitar os Estados Unidos para um encontro com Trump — algo que, oficialmente, não está agendado. Pessoas ligadas ao governo venezuelano negaram qualquer plano de viagem.
Outras reportagens publicadas na mídia norte-americana sugerem que a conversa abordou uma possível oferta de asilo ao ditador venezuelano na Rússia. Nenhum dos dois governos confirmou a existência dessa proposta.
Venezuela denuncia “agressão militar” e busca apoio da Opep
No mesmo dia, o governo da Venezuela recorreu à Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), pedindo ajuda diante do que classificou como “agressão” dos EUA. Desde agosto, os Estados Unidos mantêm uma operação antidrogas na região do Caribe, com navios de guerra, aviões militares e milhares de soldados.
Em carta lida durante reunião virtual da Opep pela vice-presidente Delcy Rodríguez, Maduro afirmou que a ação militar norte-americana compromete a estabilidade do mercado de energia global. “Espero contar com os seus melhores esforços para deter esta agressão que ameaça os equilíbrios do mercado energético internacional”, dizia o texto.
Segundo o governo chavista, o verdadeiro objetivo das operações americanas seria promover a queda do regime e tomar o controle das vastas reservas de petróleo do país.
Espaço aéreo fechado e isolamento internacional
No sábado (29), Trump chegou a afirmar que o espaço aéreo venezuelano deveria ser considerado “fechado em sua totalidade”. Logo em seguida, os Estados Unidos emitiram um alerta aéreo diante do aumento da atividade militar na região.
Seis companhias aéreas suspenderam seus voos para a Venezuela: Iberia, TAP, Avianca, Latam Colômbia, GOL e Turkish Airlines. Em retaliação, o Instituto Nacional de Aeronáutica Civil da Venezuela revogou as licenças de operação dessas empresas no país, acusando-as de colaborar com “ações de terrorismo de Estado”.
Neste domingo, a agência russa Pegas Touristik também anunciou a suspensão de seus voos para a ilha venezuelana de Nueva Esparta. O destino era comum entre turistas russos, especialmente após acordos assinados entre Moscou e Caracas nos últimos anos.
Cresce pressão por mudança de regime
Nos bastidores políticos dos EUA, crescem os sinais de que o governo Trump pretende forçar a saída de Maduro. O senador republicano Markwayne Mullin afirmou à CNN que foi oferecida ao líder venezuelano a opção de exílio na Rússia ou em outro país.
Já o senador Lindsey Graham, também republicano, disse que Maduro é um “líder ilegítimo” e sugeriu que ele “poderia encontrar refúgio na Turquia ou no Irã”.
Enquanto isso, o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Jorge Rodríguez, anunciou a criação de uma comissão especial para investigar ataques navais atribuídos aos Estados Unidos. Segundo reportagem do Washington Post, um barco foi atacado por ordens do secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, e todos os ocupantes foram mortos. Um segundo ataque teria sido realizado para eliminar dois sobreviventes.
O caso aprofunda a crise entre os dois países e alimenta temores de uma nova escalada militar na região.



