Alexandre Ramagem ocupou dois cargos estratégicos no governo Bolsonaro: foi diretor-geral da Polícia Federal (cargo que não chegou a assumir devido à suspensão pelo STF) e diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Deputado federal pelo Partido Liberal (PL-RJ), Ramagem mantinha uma relação próxima com Bolsonaro e atuava como um de seus principais conselheiros. Durante sua gestão na Abin, ele produziu documentos com orientações a Bolsonaro sobre como atacar as urnas eletrônicas, as eleições e os ministros do STF, além de promover um discurso alinhado à narrativa de ataques aos demais Poderes da República .
Ramagem foi indiciado pela Polícia Federal por participação na suposta trama golpista para manter Bolsonaro no poder, sendo acusado de integrar o “núcleo crucial” que planejou um golpe de Estado após as eleições de 2022 . Ele responde pelos crimes de tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, envolvimento em organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado . As investigações revelaram que Ramagem incentivava Bolsonaro a um “enfrentamento velado e planejado” contra o STF e fazia campanha para que o ex-presidente recorresse às Forças Armadas , demonstrando seu papel central na articulação de ações contra as instituições democráticas.
18h24 – O relator da ação penal, ministro Alexandre de Moraes iniciou o depoimento de Alexandre Ramagem.
18h25 – Ramagem disse que uma das apurações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) abordou a informação de que a empresa chinesa Le Novo teria adquirido a empresa brasileira Positivo e que repassou a informação para os setores responsáveis da Abin. Como não era verdadeira, não houve relatório.
18h28 – Afirmou que um texto, que consta no relatório da Polícia Federal, estava em um documento privado que trata do processo eleitoral e que não era concernente às urnas eletrônicas, mas sim sobre a discussão que ocorria na Câmara dos Deputados sobre o voto impresso. Relatou que após a derrota nas eleições de 2022, não falou mais sobre o assunto.
18h33 – O ex-diretor da Abin alegou que as anotações em notas estavam em um computador que possui desde 2019 e negou ter repassado o documento “pessoal” para alguém.
18h35 – No mesmo contexto, segundo Ramagem, suas publicações em redes sociais falavam apenas sobre a segurança do voto auditável e não continham ataques.
18h41 – O depoente disse que encaminhou um vídeo para Bolsonaro mostrando uma audiência que teria ocorrido no plenário do STF que aborda evolução das urnas eletrônicas em testes de segurança.
18h44 – Sobre a mensagem em que afirmou à Bolsonaro que teria certeza de fraude nas eleições, Ramagem disse se tratar de mensagem privada.
18h59 – Alexandre Ramagem negou que houvesse grupo de trabalho informal na Abin. Segundo o réu, o arquivo chamado “Bom dia, presidente”, encontrado em seu celular, tinha o objetivo de levar a Abin ao teste público de segurança e não teria sido enviado à Bolsonaro.
19h10 – O depoente disse que nunca utilizou monitoramento da Abin para qualquer autoridade.
19h13 – “Não houve essa questão”, afirmou ao negar ter usado a estrutura da Abin para questões pessoais de Bolsonaro.
19h14 – Ramagem afirmou que pediu uma auditoria em 2020 para apurar militares envolvidos em aquisição de sistemas da Agência, como o programa espião First Mile. “Naquela época, a gente suspeitava que havia uma investigação privada ali”, concluiu.
19h19 – Ele informou que encerrou o First Mile em 10 de maio de 2021.
19h19 – Ele informou que encerrou o First Mile em 10 de maio de 2021 e que mesmo sabendo do encerramento do contrato, a PF incluiu o programa na investigação.
19h26 – O réu afirmou que sempre teve um bom contato com Bolsonaro, mas disse que nada sobre a Abin. Segundo ele, a família Bolsonaro não precisa de informações sigilosas.
19h33 – De acordo com o depoimento de Ramagem, o First Mile era utilizado sem dizer o motivo do alvo.
19h34 – Voltou a dizer que as anotações encontradas em seu computador, endereçadas ao presidente, eram opiniões pessoais que não foram enviadas à Bolsonaro.
19h37 – “Não falei mais de urna eletrônica depois da votação da Câmara “, disse mais uma vez ao negar ter conspirado contra o processo eleitoral.
19h50 – O ministro Alexandre de Moraes encerrou a audiência.