A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) renunciou neste domingo (14) ao mandato parlamentar, após o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar que seu suplente deveria assumir a cadeira em até 48 horas. A decisão encerra uma sequência de disputas políticas e judiciais que envolvem a parlamentar desde sua condenação pelo STF a dez anos de prisão.
Zambelli está presa na Itália e aguarda o processo de extradição. Ela foi condenada por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A renúncia ocorre dias após a Câmara ter rejeitado sua cassação em plenário, mesmo com a ordem expressa de Alexandre de Moraes para que o mandato fosse retirado.
Câmara oficializa saída e convoca suplente
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), confirmou a renúncia por meio de nota oficial. Segundo o comunicado, Zambelli entregou pessoalmente o pedido à Secretaria-Geral da Mesa. Em resposta, Motta determinou a convocação do suplente, Adilson Barroso (PL-SP), para tomar posse.
A medida ocorre dentro de um acordo político articulado entre a presidência da Câmara, aliados da deputada, sua família e o deputado Cabo Gilberto (PL-PB). A estratégia visava encerrar o impasse institucional gerado pela manutenção do mandato de uma parlamentar presa e sem possibilidade de atuação efetiva.
Suplente elogia atitude e diz que manterá as bandeiras
Em entrevista, Adilson Barroso elogiou a renúncia de Zambelli e classificou a atitude como “um papel bonito e necessário”. Para ele, a colega teve “consciência” ao deixar o cargo, abrindo espaço para que o PL tenha mais deputados em atuação plena.
“Ela está de parabéns. Vou dar continuidade ao mandato dela, ela pode contar comigo porque nós defendemos a mesma coisa”, declarou Barroso, que promete seguir fiel às pautas bolsonaristas no Congresso.
Voto salvou o mandato, mas esvaziou a função
Barroso avaliou que a votação na Câmara que manteve o mandato de Zambelli foi resultado da “revolta” dos parlamentares diante da suposta interferência do Judiciário no Legislativo. No entanto, ele ponderou que, apesar da vitória simbólica, a deputada não tinha mais funções práticas, como votar ou liberar emendas.
“Gabinete vazio, sem poder atuar. Então salvar o quê?”, questionou.
Perfil de Adilson Barroso
Mineiro, nascido em 1964, Adilson Barroso tem longa trajetória política. Foi vereador e vice-prefeito de Barrinha (SP), deputado estadual em São Paulo e tentou, sem sucesso, o cargo de deputado federal em 2014 e 2018. Em 2022, pelo PL, obteve 62 mil votos e garantiu a suplência.
Ex-presidente do Patriota, foi afastado pelo TSE em 2021 ao tentar filiar Jair Bolsonaro ao partido. A ala contrária à entrada da família Bolsonaro acusou Barroso de violar regras internas da legenda.
Críticas ao STF e defesa de anistia
Assim como Zambelli, Barroso é aliado fiel de Bolsonaro. Em 2023, apresentou um projeto de lei para anistiar o ex-presidente. Ao comentar o PL da Dosimetria — que reduz penas para envolvidos no 8 de Janeiro — Barroso disse que votaria a favor, mas lamentou que a anistia ampla não tenha avançado.
“Quem não tem cão, caça com gato. Não deu para vir a anistia, então vamos com a dosimetria”, afirmou. Ele garantiu que seguirá trabalhando pelo “perdão total” aos envolvidos nos atos antidemocráticos.
Defesa polêmica de Zambelli
Barroso também comentou o episódio da eleição de 2022, quando Zambelli perseguiu um homem com arma em punho nas ruas de São Paulo. “Ela teve medo. A arma é para usar quando a gente se sente acuado”, disse, defendendo que a deputada tinha autorização e não feriu ninguém.
“Ela fez tudo certo. Colocou o sujeito no lugar dele”, concluiu.



