O ex-presidente Jair Bolsonaro divulgou o conteúdo dos vídeos que pretendia exibir durante seu depoimento no STF, realizado anteontem (10). Neles estão contidas declarações do ministro Flávio Dino e do ex-ministro Carlos Lupi, entre outros, defendendo melhorias pontuais no sistema de urnas eletrônicas.O objetivo era tentar equiparar suas críticas golpistas ao sistema eletrônico com manifestações técnicas dos dois políticos sobre melhorias na segurança eleitoral.
O ministro Alexandre de Moraes proibiu a exibição dos vídeos, argumentando que o interrogatório não é momento para apresentar novas provas. Durante o depoimento, Bolsonaro levou declarações do ministro do STF Flávio Dino e de deputados de esquerda que questionavam a lisura das urnas, de forma a provar que não era o único a ter dúvidas sobre as eleições.
Bolsonaro posteriormente divulgou a lista completa dos 11 vídeos através do WhatsApp para aliados. Em depoimento ao ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro admitiu que cogitou decretar Estado de Sítio, mas negou qualquer envolvimento na tentativa de golpe de Estado.
Diferença entre críticas técnicas e ataques golpistas
As declarações de Flávio Dino e Carlos Lupi sobre voto impresso tratavam de melhorias técnicas ao sistema eleitoral, não de contestação golpista aos resultados. Lupi, em vídeo de 2022, defendia a impressão como mecanismo adicional de auditoria, afirmando que “sem a impressão do voto, não há possibilidade de recontagem”.
Já Flávio Dino, quando questionou aspectos do sistema eletrônico, referia-se especificamente a problemas na identificação biométrica de eleitores. Diferentemente de Bolsonaro, que promoveu ataques sistemáticos às urnas sem apresentar provas, as manifestações dos dois políticos eram pontuais e técnicas.
O ex-presidente tentou usar essas declarações para legitimar sua campanha de descrédito ao sistema eleitoral que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023. Ao longo do interrogatório, Bolsonaro adotou um tom defensivo, alternando desabafos políticos e justificativas jurídicas.
Depoimento defensivo no STF
Com tom de resignação, Bolsonaro tentou enquadrar todos os episódios investigados como reações frustradas, conversas hipotéticas e manifestações espontâneas. O ex-presidente chegou a chamar apoiadores que pediam AI-5 de “malucos” e pediu desculpas a Moraes por acusar a ele e a outros ministros do Supremo de receber milhões de reais para acobertar fraudes nas eleições.
Durante o interrogatório, Bolsonaro admitiu não ter provas das acusações que fez contra ministros do STF. Questionado por Moraes quais eram os indícios que ele tinha para tais declarações, o ex-chefe do Executivo afirmou: “Não tenho indício nenhum”.
O depoimento durou cerca de duas horas e meia e teve tom cordial. Em momento inusitado, Bolsonaro brincou e convidou Moraes para ser seu vice-presidente em 2026, gerando repercussão nas redes sociais.