Por Carolina Villela
A defesa do tenente-coronel Mauro Cid apresentou nesta terça-feira seus argumentos no Supremo Tribunal Federal (STF) durante o julgamento da AP 2668 que pode determinar o futuro da delação premiada do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro. O advogado Jair Alves Pereira destacou a carreira militar de mais de trinta anos do réu e contestou alegações de coação no acordo de colaboração.
As sustentações orais das defesas dos réus tiveram início às 14h15, na sessão de julgamentos da Primeira Turma do STF. O defensor de Cid iniciou sua fala exaltando o histórico militar do tenente-coronel, enfatizando sua longa trajetória no Exército brasileiro.
Pereira argumentou que a delação premiada de seu cliente já foi validada pelo STF em múltiplas ocasiões anteriores. O advogado rebateu categoricamente as alegações de que Mauro Cid teria sido coagido a prestar depoimento contra os demais investigados.
Áudios vazados de Cid tinham críticas contra Moraes
Um momento descontraído marcou a sessão quando o defensor mencionou reportagens que vazaram áudios de Cid. Pereira se dirigiu diretamente ao ministro Alexandre de Moraes, afirmando que as mensagens continham críticas contra o relator.
Moraes reagiu com um sorriso, enquanto o advogado continuou: “Vossa Excelência já está acostumado com isso”.
Defesa contesta documento sobre troca de mensagens
A defesa abordou as alegações sobre uma suposta troca de mensagens entre Mauro Cid e Eduardo Kuntz, advogado de Marcelo Câmara. Kuntz, que representa o ex-assessor de Bolsonaro, alega que o tenente-coronel teria conversado com ele por um perfil no Instagram.
Pereira classificou essas alegações como “boatos” surgidos durante uma tentativa de anular o acordo de colaboração premiada. Os advogados de Cid questionaram a autenticidade do documento apresentado como prova da suposta comunicação.
A defesa argumentou que o documento anexado ao processo não se trata de uma ata registrada em cartório, mas sim uma minuta de ata, o que comprovaria sua falsidade.
Esclarecimentos sobre depoimentos à Polícia Federal
O advogado informou ao ministro Luiz Fux que Mauro Cid prestou depoimento à Polícia Federal em onze ocasiões distintas. Pereira enfatizou que seu cliente foi convocado para prestar esclarecimentos, não para alterar suas declarações anteriores.
Ao ser questionado por Fux, a defesa destacou que todas as convocações tiveram caráter esclarecedor, reforçando a consistência do depoimento do tenente-coronel.
Pedido de baixa do Exército e impactos futuros
Jair Alves informou que Mauro Cid solicitou baixa do Exército brasileiro, por não apresentar condições psicológicas de continuar na carreira militar após ter delatado o esquema.
O defensor também alertou que eventual descumprimento dos benefícios firmados no acordo pode afetar futuras delações no âmbito da operação.
A defesa argumenta que manter os termos da colaboração premiada é fundamental para a continuidade das investigações. Segundo os advogados, quebrar o acordo com Cid pode prejudicar outras delações em andamento.
O julgamento continua com as demais sustentações orais.