Luiz Edson Fachin toma posse como presidente do Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira (29), com foco na defesa da institucionalidade e distanciamento de tensões políticas.
O ministro Luiz Edson Fachin, de 67 anos, assume nesta segunda-feira (29) a presidência do Supremo Tribunal Federal (STF), coroando uma trajetória de uma década na Corte. Ele sucede Luís Roberto Barroso e terá como principal desafio conduzir os trabalhos da instituição em meio à reta final dos julgamentos dos envolvidos na tentativa de golpe e diante da crescente polarização política rumo às eleições de 2026.
A posse está marcada para as 16h, na sede do STF, com cerimônia mais sóbria do que a de seu antecessor. Estão previstas as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dos presidentes do Senado e da Câmara, além de cerca de mil convidados.
Estilo reservado e foco na colegialidade
O perfil reservado e institucional de Fachin é visto como um trunfo para desarmar possíveis conflitos entre o STF e os demais Poderes. “Ao direito o que é do direito, e à política o que é da política”, costuma dizer o ministro, cuja atuação é marcada pela defesa da autonomia do Judiciário.
Especialistas apontam que sua gestão pode marcar uma mudança de tom após períodos de enfrentamento. Oscar Vilhena, professor da FGV Direito SP, observa que o novo momento institucional permite uma presidência “menos vocal”, com menor exposição política.
Continuidade de pautas sociais e ambientais
Na definição da pauta de julgamentos, Fachin indicou que manterá o foco em temas sociais. Entre os processos prioritários estão o que discute vínculo empregatício entre motoristas de aplicativos, ações sobre preservação ambiental e direitos do idoso em planos de saúde.
Sua trajetória no STF revela compromisso com causas sociais, como a limitação da letalidade policial no Rio de Janeiro, a proibição de revistas vexatórias em presídios e a defesa dos direitos indígenas. Ele também votou a favor do reconhecimento da homotransfobia como crime de racismo.
Estilo institucional e foco nos autos
Fachin é conhecido por sua discrição e por se comunicar principalmente por meio dos votos que profere. Segundo Álvaro Jorge, professor da FGV Direito Rio, o ministro tem forte preocupação com a proteção do indivíduo e tende a reduzir a interlocução direta com o meio político.
Uma das apostas para sua gestão é o reforço da colegialidade, tendência iniciada pela ministra Rosa Weber. O objetivo é reforçar a imagem do STF como órgão técnico e evitar que seja percebido como ator político, protegendo assim a Corte de ataques externos.
Transição administrativa e compromissos de gestão
O novo presidente manterá algumas iniciativas de Barroso, como a reformulação da TV Justiça e o repositório de julgamentos. Apesar de ser conhecido por um estilo de linguagem rebuscada — apelidado de “fachinês” —, comprometeu-se a manter o Pacto Nacional pela Linguagem Simples, que visa tornar a comunicação jurídica mais acessível.
Para a administração da Corte, foram nomeados Desdêmona Tenório de Brito Toledo Arruda (direção-geral), Roberto Dalledone Machado Filho (secretaria-geral) e André Ribeiro Giamberardino (chefe de gabinete).
Trajetória acadêmica e jurídica
Natural de Rondinha (RS), Fachin construiu sua carreira no Paraná. Formado pela Universidade Federal do Paraná, onde também foi professor, tem mestrado e doutorado pela PUC-SP e pós-doutorado no Canadá. Antes de chegar ao STF, foi procurador do Estado do Paraná por 16 anos e consultor em direito privado. Sua indicação ao Supremo ocorreu em 2015, feita pela então presidente Dilma Rousseff.
Com a posse, Fachin atinge o topo da carreira na magistratura e assume a responsabilidade de liderar a Suprema Corte em um período decisivo para o país.