Os filhos e aliados de Jair Bolsonaro orquestraram uma campanha nas redes sociais durante internação do ex-presidente para procedimentos médicos no Hospital DF Star, em Brasília. A estratégia combina drama familiar com ataques coordenados ao youtuber Felipe Neto, que está nos Estados Unidos, numa aparente tentativa de sensibilizar opinião pública para campanha pró-anistia.
Carlos Bolsonaro publicou longo desabafo dramatizando a ida do pai ao hospital na última sexta-feira (14). O vereador carioca descreveu um “comboio com mais de 20 homens armados de fuzis ostensivamente, acompanhados de mais de 10 batedores” como parte do que chamou de “maior circo armado da história do Brasil”.
Segundo Carlos, a escolta reduziu velocidade “apenas para promover a humilhação de um homem honesto”. O filho do ex-presidente afirmou que “homens fardados e armados vigiam como se um senhor de 70 anos pudesse fugir por uma janela”.
Nota médica contradiz drama
O Hospital DF Star divulgou nota técnica informando que Bolsonaro foi internado para exames laboratoriais e retirada de lesões cutâneas. Os procedimentos transcorreram “sem intercorrências” sob anestesia local e sedação, com alta no mesmo dia.
Os exames detectaram anemia por deficiência de ferro e imagem residual de pneumonia por broncoaspiração. Bolsonaro recebeu reposição de ferro endovenosa e deverá seguir tratamento para hipertensão arterial e refluxo gastro-esofágico.
A nota médica, assinada por quatro profissionais, contrasta com o tom dramático usado pelos familiares nas redes sociais. O documento técnico não menciona complicações ou riscos durante os procedimentos hospitalares.
Jair Renan intensifica campanha
Jair Renan Bolsonaro publicou mensagem intitulada “Suprema Perseguição”, escalando o tom da campanha familiar. O filho caçula do ex-presidente afirmou que “querem matar Bolsonaro” e classificou a situação como “maior injustiça política da história”.
Segundo Jair Renan, adversários “transformaram a vida de Jair Bolsonaro em espetáculo de perseguição” com “comboios armados, vigilância ostensiva em hospital e humilhações constantes”. O jovem alegou que opositores “querem quebrá-lo física, emocional e espiritualmente”.
O filho do ex-presidente concluiu afirmando que “o que está em jogo não é apenas a vida de um líder, mas a liberdade de toda uma Nação”. A mensagem obteve ampla repercussão entre apoiadores bolsonaristas nas redes sociais.
Ofensiva contra Felipe Neto
Paralelamente ao drama hospitalar, aliados de Bolsonaro lançaram campanha coordenada contra Felipe Neto, que está nos Estados Unidos. O deputado Junio Amaral direcionou mensagem ao Departamento de Estado americano alertando sobre a presença do youtuber em território norte-americano.
Amaral afirmou que Felipe Neto “apagou todas as publicações onde atacava os EUA” antes de viajar, mas disse que “a internet possui muitos arquivos registrados dele atacando os EUA”. O parlamentar incluiu vídeo do influenciador em sua denúncia.
Paulo Figueiredo informou ter encaminhado “pessoalmente os posts de Felipe Neto para oficiais sênior do Departamento de Estado”. O comentarista declarou que “não sei o que este sujeito pode querer vir fazer nos EUA”.
Denúncias formais a autoridades
O deputado Filipe Barros, presidente da Comissão de Relações Exteriores, anunciou estar oficiando a Embaixada dos EUA, Google, Meta e Procurador-Geral da República. O parlamentar quer denunciar “figuras públicas brasileiras que estão comemorando assassinato brutal de Charlie Kirk”.
A coordenação entre o drama hospitalar e os ataques a Felipe Neto sugere estratégia calculada para desviar atenção da condenação de Bolsonaro pelo STF. A campanha busca criar narrativa de perseguição política e vitimização do ex-presidente.
Os episódios ocorrem em momento delicado, com Bolsonaro inelegível até 2030 e sob investigação por tentativa de golpe. A mobilização familiar nas redes sociais aparenta visar sensibilizar opinião pública para eventual campanha de anistia política.
