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Justiça bloqueia R$ 2,8 bilhões de suspeitos de fraudar aposentados e pensionistas

Da Redação Por Da Redação
13 de junho de 2025
no AGU, Manchetes
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A foto mostra cédulas de cem e duzentos reais.

Foto: José Cruz / Agência Brasil

Da redação

A Advocacia-Geral da União (AGU) conseguiu o bloqueio de R$ 2,8 bilhões em bens e ativos financeiros de empresas, associações e pessoas físicas suspeitas de aplicar golpes contra aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão da Justiça Federal atende a 15 ações cautelares ajuizadas pela AGU com base na Lei Anticorrupção, visando ressarcir as vítimas dos descontos ilegais em benefícios previdenciários.

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As medidas judiciais atingem um esquema complexo envolvendo 12 entidades associativas, seis empresas de consultoria, dois escritórios de advocacia e três outras companhias, além de dezenas de sócios e dirigentes dessas instituições. A juíza federal Luciana Raquel Tolentino de Moura, da 7ª Vara Federal do Distrito Federal, também determinou a quebra dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, abrangendo o período de janeiro de 2019 a março de 2025.

Empresas de fachada operavam esquema milionário

A investigação revelou que as 12 entidades associativas funcionavam como empresas de fachada, criadas especificamente para cometer fraudes por meio de “laranjas”. O esquema foi descoberto através de inquérito policial que apontou a existência de uma organização criminosa voltada para a aplicação de golpes contra beneficiários da Previdência Social.

A ação original foi protocolada pela AGU em 8 de maio deste ano, inicialmente requerendo o bloqueio de R$ 2,56 bilhões contra as 12 entidades associativas e seus dirigentes. No dia seguinte, a pedido da Controladoria-Geral da União (CGU), a AGU ampliou o pedido para incluir seis empresas e oito pessoas físicas acusadas de intermediar o pagamento de propinas a agentes públicos vinculados ao INSS.

O modus operandi do esquema envolvia a criação de associações fictícias que se apresentavam como representantes legítimas de aposentados e pensionistas, oferecendo serviços de revisão de benefícios e outros auxílios. Na prática, essas organizações aplicavam descontos ilegais nos benefícios das vítimas, causando prejuízos milionários aos cofres públicos e aos próprios beneficiários.

Justiça desmembra ação em 15 processos

Por determinação da magistrada responsável pelo caso, a ação originalmente apresentada pela AGU foi desmembrada em 15 processos judiciais distintos. A decisão atendeu a critérios técnicos estabelecidos pela juíza, que determinou que cada ação deveria ter no máximo cinco réus, facilitando o andamento processual e a análise individualizada de cada caso.

O primeiro bloqueio ocorreu em 3 de junho, quando a juíza determinou o congelamento de R$ 119 milhões, acatando os argumentos da AGU nas primeiras cinco ações. Naquela ocasião, oito empresas e seus respectivos sócios tiveram seus bens bloqueados e seus sigilos bancário e fiscal suspensos. Nos dias seguintes, novos pedidos foram sendo deferidos progressivamente.

As últimas quatro decisões foram publicadas na quinta-feira (12 de junho), completando o montante total de R$ 2,8 bilhões bloqueados. Esse valor representa um dos maiores bloqueios de bens já determinados pela Justiça Federal em casos relacionados a fraudes previdenciárias no país.

Associações fraudulentas movimentaram centenas de milhões

Entre as entidades que tiveram os maiores valores bloqueados estão a Confederação Brasileira dos Trabalhadores da Pesca e Aquicultura (CBPA) e a União Nacional de Auxílio aos Servidores Públicos (Unaspub), com R$ 513 milhões bloqueados. A Associação de Aposentados Mutualista para Benefícios Coletivos (Ambec) teve R$ 512 milhões congelados, enquanto a Associação de Proteção e Defesa dos Direitos dos Aposentados e Pensionistas (Apdap Prev) e a Caixa de Assistência aos Aposentados e Pensionistas (CAAP) tiveram R$ 476 milhões bloqueados.

Outras organizações significativas no esquema incluem a Associação Brasileira dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Asbrapi), que junto com entidades coligadas teve R$ 396 milhões bloqueados, e a Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN), com R$ 281 milhões. A Universo Associação dos Aposentados e Pensionistas dos Regimes Geral da Previdência Social (AAPPS Universo) teve R$ 255 milhões congelados.

Os valores menores, mas ainda significativos, foram bloqueados das empresas de consultoria e escritórios de advocacia envolvidos no esquema. Cada uma dessas empresas teve aproximadamente R$ 23,8 milhões bloqueados, incluindo a Vênus Consultoria Assessoria Empresarial SA, THJ Consultoria Ltda, Prospect Consultoria Empresarial Ltda, Brasília Consultoria Empresarial S.A., e outras companhias do grupo.

Objetivo é ressarcir vítimas dos golpes

O principal objetivo das medidas judiciais é garantir que os valores bloqueados sejam posteriormente utilizados para ressarcir as vítimas dos descontos ilegais em benefícios previdenciários. A AGU trabalha em conjunto com o INSS para identificar todos os prejudicados pelo esquema e calcular os valores devidos a cada beneficiário.

A quebra dos sigilos bancário e fiscal determinada pela Justiça permitirá às autoridades rastrear completamente a movimentação financeira dos investigados durante o período de seis anos, possibilitando uma análise detalhada das transações suspeitas. Essa medida é fundamental para comprovar a extensão do esquema e identificar eventuais outros envolvidos.

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Tags: AGUaposentados pensionistasassociações fraudulentasbloqueio bensfraude INSSgolpe previdência

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