Por Carolina Villela
Começa o depoimento de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal por integrar uma suposta organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado de 2022 e nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro de 2023. As acusações incluem organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, com considerável prejuízo para a vítima e deterioração de patrimônio tombado Torres é citado mais de 30 vezes em denúncia de golpe de Estado.
A denúncia da PGR aponta que Torres teve comportamento omissivo como secretário de Segurança do DF durante os atos de 8 de janeiro, quando estava em viagem aos Estados Unidos, e cita a descoberta da chamada “minuta do golpe” em sua residência como evidência de sua participação na trama golpista. Para os procuradores, a decisão de Torres de viajar de férias mesmo sabendo da possibilidade dos ataques demonstra omissão dolosa e contribuiu para que os eventos criminosos se concretizassem na Praça dos Três Poderes. PGR afirma que Anderson Torres e cúpula da PMDF atuaram pelo golpe. A defesa do ex-ministro nega todas as acusações, alegando que ele é alvo da denúncia apenas por ter sido membro do governo Bolsonaro e afirma que documentos similares à minuta encontrada poderiam ser localizados na internet, caracterizando as imputações como “falsas ilações”.
10h20- Torres afirmou que foi convocado para uma live sobre as urnas pelo então presidente Bolsonaro e que não tinha conhecido técnico do assunto.
10h21- A convocação causou “burburinho” no ministério, segundo o depoente, que disse ter pedido para sua equipe relatórios da Polícia Federal para usar em sua participação na transmissão ao vivo.
10h23- Ele relatou que não havia nada sobre fraudes nas urnas eletrônicas e que sempre passou isso para o presidente.
10h25- Sobre a reunião ministerial, realizada no dia 5 de junho de 2022, Anderson Torres confirmou que se “excedeu” ao usar palavras de baixo calão para comparar o Brasil com a Bolívia.
10h26- Alegou que suas expressões eram para que todos se unissem para ganhar a eleição.
10h27- Torres disse que, quando falou que era preciso atuar em relação ao sistema eleitoral, se referia a colocações pessoais e admitiu que não havia indícios de fraude.
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10h33- O ex- ministro da Justiça negou ter questionado a lisura do processo eleitoral. Segundo ele, todas as suas falas na live foram baseadas nos relatórios da PF.
10h44- Torres lamentou a perda do celular quando estava nos Estados Unidos. Ele disse que quando soube da prisão, ficou completamente “transtornado”.
10h47- Torres afirmou que a reunião no dia 19 de outubro de 2022 foi para preparar o dia da eleição e tudo transcorresse da melhor maneira possível.
10h49- “Lógico que se o senhor me perguntar quem eu queria que ganhasse a eleição, eu não preciso nem responder, ministro”, disse o ex -ministro se referindo à Bolsonaro.
10h50- A partir de 12 de dezembro após as manifestações em frente à sede da PF em Brasília, Anderson Torres disse que passou a ficar muito preocupado com os acampamentos em frente aos quartéis.
10h51 – Disse que convocou uma reunião no dia 6 de janeiro de 2023 para desmobilizar o acampamento, que estava ocupado, segundo Torres, estava ocupado principalmente por pessoas em situação de rua. A ordem era que a ação de retirada ocorresse no dia 10 de janeiro. O depoente disse que também conversaram sobre mandados de prisão para líderes do movimento em caso de
10h54- Ele afirmou que a viagem aos EUA estava inicialmente prevista para julho, mas que só foi possível ir em janeiro. O ex-ministro afirmou que eram férias programadas com a sua família e que a passagem foi comprada em novembro. Segundo Torres, a viagem “não foi coincidência”, em relação aos atos de 8 de janeiro.
10h55 – Segundo Torres, a perda do telefone nos EUA foi muito ruim para a sua defesa.
10h56 – Ele relatou que só viajou após a elaboração do protocolo de segurança, assinado por vários órgãos envolvidos. Segundo Torres, até o dia seis de janeiro, não tinha chegado nenhum ônibus em Brasília e não havia relatos de que a manifestação tomaria a proporção que tomou até o dia 8.
11h – “Houve uma falha grave no cumprimento do protocolo”, afirmou Anderson Torres sobre os atos de 8 de janeiro. Ele disse que ligou várias vezes para o comandante da PM, para o governador do DF, ” fiquei desesperado”, completou.
11h04 – Sobre a minuta do golpe, encontrada em sua casa pela PF, o ex-ministro afirmou que não se lembrava do documento, que chamou de “minuta do Google”.
” Na verdade, ministro, não é uma minuta do golpe(…) “eu brinco que é a minuta do Google”, afirmou.
11h06 – Torres disse que o documento continha muitos erros de português e era para ter sido destruído.
“Era pra ter sido destruída há muito tempo, eu nunca trabalhei isso. O documento era muito mal escrito, cheio de erros de português, de concordâncias, até o nome do tribunal que estava escrito lá estava escrito errado”.
11h07- “Nunca tratei isso com o presidente da República. Nunca tratei isso com ninguém. Não sei quem fez”, afirmou Torres ao negar ter conversado com Bolsonaro sobre a minuta.
11h13 – O réu afirmou que esperava que a desmobilização do acampamento fosse feita no primeiro dia do governo Lula, como não ocorreu, convocou uma reunião para planejar a retirada dos manifestantes.
11h15 – No dia 8 de janeiro, Torres disse que lamentou os atos criminosos de 8 de janeiro pela internet e publicou determinações sobre a punição dos vândalos.
11h21 – Explicou que em 1986 a subordinação da PM à secretaria de Segurança Pública foi revogada e, hoje, a corporação é subordinada diretamente ao governador do Distrito Federal.
11h22 – Já no dia seguinte após a derrota nas eleições, ele disse que se reuniu com Bolsonaro no Palácio da Alvorada e comunicou que iniciaria a transição de governo.
11h23 – Disse que chamou a atenção a “facilidade com que o Palácio do Planalto foi invadido” e que a mensagem em que disse “não deixe invadir o Supremo”, ocorreu após ter visto que o Congresso já estava tomado.
11H28 – “Se o Protocolo de Ações Integradas (PAI) tivesse sido cumprido, isso não teria ocorrido em Brasília”, voltou a afirmar Torres ao encerrar seu depoimento.