Da Redação
A Organização Mundial da Saúde emitiu comunicado sobre a circulação acelerada de uma variante do influenza A (H3N2), chamada K ou J.2.4.1, que se espalha desde agosto de 2025 em diversos países. O alerta coincide com a chegada do inverno no Hemisfério Norte, período tradicional de aumento de infecções respiratórias que pode pressionar hospitais.
Os dados disponíveis não indicam que a variante cause quadros mais graves da doença. A OMS classifica o avanço como “evolução notável”, mas ressalta que se trata da gripe sazonal comum.
A atividade global de gripe permanece dentro do esperado para a estação. Alguns países, porém, registraram aumentos mais cedo e intensos do que o habitual, segundo o comunicado da organização.
Europa registra início antecipado da temporada de gripe
No continente europeu, a OMS identificou início precoce da temporada de gripe em relação ao período habitual. O aumento da positividade dos testes e a predominância do influenza A (H3N2) foram observados tanto na atenção primária quanto em hospitais.
Em outras regiões, o padrão mostra-se mais heterogêneo. Partes do Hemisfério Sul tiveram temporadas de gripe mais longas que o usual, enquanto áreas tropicais apresentam circulação contínua ao longo do ano.
A América do Sul ainda não registra circulação da variante K. Especialistas avaliam, entretanto, que a chegada ao Brasil é possibilidade concreta diante do aumento da circulação de pessoas entre continentes.
“A gente só pode imaginar que esse subclado vá chegar ao país”, afirmou Rosana Richtmann, chefe do departamento de infectologia do Grupo Santa Joana, ao g1. “Neste momento em que começam as férias e aumenta a circulação de pessoas entre continentes, a chance de esse clado entrar no Brasil e se espalhar rapidamente é muito grande.”
Vacinação segue como principal ferramenta de proteção
A OMS reforça que a vacinação continua sendo medida central de proteção. Estimativas iniciais indicam que a vacina reduz a necessidade de atendimento hospitalar tanto em crianças quanto em adultos.
Dados preliminares apontam efetividade de cerca de 70% a 75% na prevenção de hospitalizações em crianças de 2 a 17 anos. Entre adultos, os percentuais ficam entre 30% e 40%, podendo variar conforme o grupo e a região.
A mensagem da organização é direta: mesmo em ano marcado por mudanças genéticas do vírus, a vacinação permanece como uma das medidas de saúde pública mais eficazes.
Grupos de risco exigem atenção especial
Os principais grupos de risco são idosos, especialmente acima de 60 anos. O risco de desenvolver doença grave, necessitar hospitalização e evoluir para insuficiência respiratória aumenta significativamente com a idade.
“Os principais grupos de risco, independentemente do tipo de vírus influenza — e especialmente no caso do H3N2 — são, em primeiro lugar, os idosos”, destacou Richtmann ao g1. “Acima dos 60 ou 65 anos, e principalmente acima dos 80, o risco de desenvolver doença grave, precisar de hospitalização, evoluir para insuficiência respiratória e até morrer é significativamente maior.”
Gestantes também podem apresentar quadros mais graves de influenza. Em alguns casos, a doença pode evoluir para complicações como parto prematuro ou abortamento, segundo a médica.
Crianças pequenas, pessoas com condições de saúde subjacentes e profissionais de saúde completam o grupo de maior vulnerabilidade. A OMS lembra que a maioria das pessoas se recupera em cerca de uma semana sem necessidade de atendimento médico.
Brasil registrou baixa cobertura vacinal em 2025
A infectologista alertou para a baixa cobertura vacinal no Brasil em 2025, especialmente entre idosos. “É fundamental manter vigilância e garantir que, assim que a vacina atualizada para 2026 estiver disponível, a população-alvo da imunização faça sua parte e se vacine”, declarou ao g1.
A OMS não recomenda restrições de viagem ou comércio com países citados no alerta. O foco está em medidas clássicas de prevenção e vigilância contínua.
As recomendações incluem vacinação anual para grupos de risco e profissionais de saúde. Medidas como higiene das mãos, etiqueta respiratória e uso de máscaras em ambientes sensíveis quando sintomático também são orientadas.
—-Com informações da Agência Brasil



