STM cassa posto de coronel por fraudes praticadas em Hospital Militar de Recife

Há 2 semanas
Atualizado segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Da Redação

O Superior Tribunal Militar declarou por unanimidade a indignidade do oficial que liderou esquema de notas fiscais falsas no Hospital Militar de Área de Recife, resultando no maior prejuízo registrado pela unidade em casos de estelionato. Com a decisão, o militar perde o posto de coronel do Exército Brasileiro.

O coronel  foi condenado por liderar um esquema de estelionato que causou prejuízo superior a R$ 4,4 milhões ao Hospital Militar de Área de Recife (HMAR). A decisão, que declarou a indignidade do oficial para o exercício da função militar, marca o desfecho de um dos maiores casos de fraude já registrados na unidade pernambucana.

Esquema funcionava com notas falsas

À época dos crimes, o coronel ocupava o cargo de diretor do HMAR e ordenador de despesas e nessa função foi identificado como principal articulador de um elaborado sistema de fraudes que operou através da emissão fraudulenta de notas de empenho e fiscais. O esquema simulava a compra de materiais de informática e medicamentos que jamais foram entregues à instituição.

Segundo investigação do Ministério Público Militar (MPM), as fraudes ocorreram em 94 ocasiões distintas, sempre com o oficial aproveitando-se de sua posição de confiança para autorizar pagamentos irregulares. Na condição de ordenador de despesas, o coronel tinha autoridade para liberar recursos financeiros, função que utilizou para viabilizar os crimes.

Outros militares já perderam patentes

O caso não se limitou ao coronel principal. Outros militares já tiveram declarada a perda do posto e da patente por participação no esquema criminoso, incluindo um tenente-coronel da reserva, um primeiro-tenente e uma primeira-tenente da reserva que era responsável pelo almoxarifado do hospital.

A investigação revelou que o coronel ignorou sistematicamente alertas formais sobre irregularidades nos estoques da unidade e continuou assinando autorizações de pagamento mesmo diante de documentos com inconsistências evidentes.

Condenação Confirmada em Todas as Instâncias

Em 2020, o Juízo da 7ª Auditoria Militar de Recife, primeira instância da Justiça Militar da União (JMU), condenou o oficial a oito anos de reclusão. A decisão foi posteriormente confirmada pelo próprio STM em sede de apelação, em face da solidez das provas apresentadas pelo MPM.

Os ministros do STM destacaram em seus votos o “especial desprezo” demonstrado pelo oficial em relação às suas funções institucionais. Para o tribunal, a conduta representa não apenas uma violação da honra pessoal, mas também do pundonor militar, do decoro da classe e da imagem do Exército Brasileiro perante a sociedade.

Indignidade protege valores das Forças Armadas

A representação de indignidade, diferentemente do processo criminal, não revisa a condenação já transitada em julgado, mas avalia especificamente se a conduta do militar permanece compatível com os princípios éticos e morais que regem as Forças Armadas.

O STM considerou que a prática reiterada de estelionato contra a própria instituição militar constitui comportamento absolutamente incompatível com a condição de oficial, ferindo gravemente os valores fundamentais da hierarquia e da disciplina que sustentam a estrutura militar.

A decisão reforça o compromisso da Justiça Militar em preservar a integridade das instituições militares, demonstrando que desvios éticos e criminais, independentemente da patente do envolvido, serão rigorosamente punidos com a perda da condição militar.

Autor

Leia mais

Cármen Lúcia dá cinco dias para Lula e Alcolumbre explicarem alterações na Lei da Ficha Limpa

TJDFT reinicia movimentação do processo sobre ‘Crime da 113 Sul’, depois da anulação do julgamento pelo STJ

TJDFT reinicia movimentação do processo sobre ‘Crime da 113 Sul’, depois da anulação do julgamento pelo STJ

A foto mostra a fachada da AGU em Brasília.

AGU cobra R$ 31,4 milhões por devastação de 3 mil hectares na Amazônia e Mata Atlântica

AGU notifica Meta para que remova conteúdos ligados a falsificação de bebidas

AGU notifica Meta para que bloqueie e remova conteúdos sobre insumos para falsificação de bebidas

Lula e Trump conversam por 30 minutos e acertam encontro presencial

A foto mostra o ministro Gilmar Mendes, do STF, em audiência sobre a pejotização.

Em audiência sobre impactos da pejotização, ministro Gilmar Mendes defende a conciliação entre proteção social e liberdade econômica

Maximum file size: 500 MB