A foto mostra o tenente-coronel Mauro Cid em depoimento na Câmara dos Deputados. Ele é um homem branco e usa a farda do Exército.

Testemunhas de Mauro Cid negam conhecimento sobre plano golpista em audiência no STF

Há 7 meses
Atualizado sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Oito testemunhas arroladas pela defesa do tenente-coronel Mauro Cid prestaram depoimento nesta quinta-feira (22) no Supremo Tribunal Federal (STF). Todas negaram ter conhecimento ou conversado com o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro sobre qualquer plano golpista. A audiência foi conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da (AP) 2668 que investiga a suposta trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Durante pouco mais de uma hora de depoimentos, militares de diferentes patentes – desde capitão até general – reforçaram o mesmo discurso: Mauro Cid nunca mencionou qualquer tentativa de golpe de Estado. As declarações ocorrem no âmbito do processo que investiga o Núcleo 1 da trama golpista, onde estão o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa, general Braga Netto.

Generais destacam conduta exemplar de Mauro Cid

O primeiro a depor foi o general da reserva João Batista Bezerra, que conhece Mauro Cid desde 2014, quando o militar ainda era major. Bezerra enfatizou que o relacionamento entre eles sempre foi profissional e que Cid “nunca comentou sobre o plano golpista”. O general caracterizou o tenente-coronel como “um militar exemplar” e afirmou que “nunca houve nada que maculasse sua conduta”.

Na sequência, o general Edson Dieh Ripoli, que conhece Cid desde criança e começou a trabalhar com ele em 2015, descreveu o militar como “absolutamente leal e correto”. Ripoli ressaltou que, mesmo durante o período em que teve muito contato com Cid – entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, quando trabalhava com o ministro da Defesa -, jamais houve qualquer menção a planos contra a democracia.

O general também revelou ter visitado Mauro Cid durante sua prisão em 2023, mas garantiu que não houve “nenhuma conversa sobre golpe” durante o encontro, descrito como “rápido”.

Ex-comandante do Exército nega pressões golpistas

Um dos depoimentos mais aguardados foi o do general Julio Cesar de Arruda, ex-comandante do Exército, que conhece Mauro Cid há duas décadas. Arruda confirmou ter visitado o tenente-coronel na prisão, mas negou categoricamente ter conversado sobre a tentativa de golpe de Estado. O general destacou que Cid sempre foi “respeitoso” e que “tudo o que se propõe a fazer, tanto na parte profissional quanto na intelectual, sempre se saiu muito bem”.

Durante seu depoimento, Arruda foi questionado pelo Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, sobre uma suposta expulsão do general Mauro Fernandes de sua sala, relacionada a pressões para barrar a posse de Lula. O ex-comandante negou a versão: “Conversamos diversos assuntos, mas não o expulsei da minha sala. Não confirmo essa história que saiu na imprensa”.

O general também enfrentou questionamentos sobre sua demissão pelo presidente Lula após os atos de 8 de janeiro de 2023, mas afirmou desconhecer os motivos. Quando perguntado sobre uma frase que teria dito ao comandante da operação policial no acampamento em frente ao Quartel-General do Exército – “o senhor sabe que minha tropa é muito maior que a sua, né?” -, Arruda disse não se lembrar e que apenas tentou “coordenar as ações e acalmar os ânimos”.

Militares de menor patente mantêm versão uniforme

Os depoimentos seguiram o mesmo padrão entre os militares de patentes inferiores. O coronel Fernando Linhares Deus confirmou ter se encontrado com Mauro Cid em outubro do ano passado, mas negou ter tratado sobre a trama golpista. Já o capitão Raphael Maciel Monteiro, que mantém proximidade familiar com Cid, revelou ter feito “frequentes visitas” ao militar na prisão.

Segundo Monteiro, durante essas visitas conversaram sobre informações divulgadas na imprensa, e Cid sempre “manifestava repúdio” a qualquer atentado contra a democracia. O capitão descreveu que o tenente-coronel ficou “profundamente pesaroso” e “entristecido” com os fatos relacionados ao caso, mas negou ter falado sobre a minuta do decreto golpista.

O tenente Luís Marcos dos Reis e o tenente Adriano Alves Teperino, ex-coordenador da ajudância de ordens de Bolsonaro, seguiram a mesma linha de defesa. Teperino destacou que Mauro Cid “sempre orientou a equipe a estar pronta para apoiar o governo de transição” e que “nunca chegou a comentar nenhum fato da ação penal”, mesmo em conversas posteriores à prisão.

Audiência encerrada com uma ausência

A audiência teve início às 8h01 e foi encerrada às 9h21 pelo ministro Alexandre de Moraes, após todos os depoimentos programados. Das oito testemunhas convocadas, apenas Flávio Alvarenga Filho não compareceu, sem justificativa apresentada durante a sessão.

Os depoimentos desta quinta-feira representam uma estratégia da defesa de Mauro Cid para caracterizar o militar como alguém íntegro e distante de qualquer conspiração golpista. O tenente-coronel é considerado peça-chave na investigação, tendo firmado acordo de colaboração premiada com a Procuradoria-Geral da República, fornecendo informações que levaram ao indiciamento de dezenas de pessoas, incluindo o ex-presidente Bolsonaro.

Nesta sexta (23), está prevista às 8h, a audiência das testemunhas do deputado Alexandre Ramagem, ex- chefe da Agência Brasileira de Inteligência. No período da tarde, às 14h, estão marcados os primeiros depoimentos das testemunhas de defesa de Bolsonaro.

Autor

Leia mais

A deputada Carla Zambelli, presa na Itália

Por unanimidade, STF mantém decisão sobre perda do mandato de Zambelli

Há 17 horas
O ator Wagner Moura em cena de O Agente Secreto

Wagner Moura rumo ao Oscar? – por Jeffis Carvalho

Há 18 horas
Gestante na pandemia deve receber salário-maternidade

Gestante afastada do trabalho presencial durante a pandemia não pode ter remuneração da época considerada salário-maternidade

Há 18 horas
Fopromontagem mostra Trump e Alexandre de Moraes abraçados

EUA retiram Alexandre de Moraes da lista de sanções e sinalizam degelo diplomático

Há 20 horas
STF julga recurso da PGR que discute prerrogativa de foro

STF julga recurso da PGR sobre manutenção de foro privilegiado após fim de mandato

Há 20 horas
A deputada Carla Zambelli, do PL, do Rio de Janeiro, em discurso na Câmara.

STF tem maioria para confirmar perda de mandato de Carla Zambelli

Há 21 horas
Maximum file size: 500 MB