Da Redação
Uma pesquisa nacional da OAB ouviu mais de 71 mil advogados com até cinco anos de profissão e identificou os principais obstáculos enfrentados por quem está começando na advocacia. O levantamento “Fala Jovem Advocacia”, realizado entre setembro e novembro deste ano, aponta a falta de clientes e o aviltamento de honorários como os maiores problemas, além de revelar questões de inclusão e desrespeito profissional que afetam mais da metade dos entrevistados.
A pesquisa e seus números
Os números mostram que conseguir clientes é o maior desafio para quem está começando: 41% dos participantes apontaram essa dificuldade. Outro problema grave é o aviltamento de honorários – quando cobram valores muito baixos pelo trabalho -, que foi considerado a violação mais comum por 51,5% dos entrevistados.
O que dizem os coordenadores
“O que esse levantamento nos oferece vai além do diagnóstico: é uma sinalização clara sobre o que a jovem advocacia espera da OAB”, explica o ouvidor-geral do Conselho Federal da OAB, Marcos Vinícius Jardim Rodrigues. Segundo ele, transformar essas expectativas em ações concretas impacta diretamente o futuro da profissão.
Outros desafios importantes incluem dificuldade para definir quanto cobrar pelos serviços, falta de dinheiro estável no final do mês, custos altos para manter um escritório e falta de cursos práticos e acessíveis sobre como trabalhar no dia a dia.
Perfil dos jovens advogados
A pesquisa traçou um perfil interessante: quase 60% são mulheres, mostrando que a profissão está cada vez mais feminina. A maioria tem entre 26 e 35 anos, e 39% possuem apenas um ano de registro na OAB.
A ouvidora nacional da Jovem Advocacia, Vitória Jeovana Uchôa, destaca que o censo foi essencial por ter ouvido profissionais de todo o país, não apenas das capitais. “Essa escuta ativa é o caminho para transformar realidades. Nosso objetivo é fazer da OAB um espaço cada vez mais acolhedor, inclusivo e eficiente para os colegas que iniciam na profissão”, afirma.
Desrespeito e barreiras na profissão
Mais da metade dos advogados jovens já sofreu algum tipo de desrespeito no trabalho. Os casos mais comuns são tratamento grosseiro em audiências, valores baixos forçados e dificuldades para exercer a profissão normalmente.
A pesquisa também revelou problemas de inclusão: falta de ações para igualdade racial e de gênero, além de barreiras de acessibilidade em prédios e no sistema de Justiça.
Planos futuros da OAB
Com base nesses dados, a OAB planeja criar novas ações entre 2025 e 2028, como expandir estruturas para o interior do país, oferecer mais espaços de coworking e ferramentas digitais, além de ampliar cursos práticos e dar mais espaço para jovens advogados participarem de comissões e projetos. “Os dados colhidos no censo serão decisivos para nortear novas políticas, com base na realidade vivida por quem está na linha de frente da advocacia”, conclui Vitória Jeovana Uchôa.



