A corrida desesperada de Anna Magnani em Roma, Cidade Aberta.

80 anos da vitória da liberdade que se seguiram ao fim da Segunda Guerra Mundial

Há 7 meses
Atualizado sexta-feira, 15 de agosto de 2025

Por Jeffis Carvalho

O Dia da Vitória, 8 de maio, celebra em 2025  os 80 anos do fim da Guerra Mundial na Europa. Cerca de 50 milhões de vidas foram ceifadas nos campos de batalha, nas cidades bombardeadas, nos campos nazistas de extermínio; e,  coroando essa progressão de horrores e insanidade, sob as bombas atômicas lançadas em agosto de 1945 pelos Estados Unidos sobre a população civil das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki.

Um preço em milhões de vidas para derrotar o nazifascismo, a tirania e a opressão.

A liberdade, suspensa no ar… E no cinema.

Quem é aquela mulher que corre em direção ao veículo motorizado que leva prisioneiros para a morte.

Quem é  aquela mulher que instantes atrás tentava falar, abraçar e tocar o seu homem. Um homem que agora é mais um naquele caminhão que ruma para cumprir seu destino fatal.

Aquela mulher que sai correndo, gritando o nome do seu homem, enquanto o outro homem que gerou, o filho, corre logo atrás, gritando pela mãe.

Mãe, pai e filho. Uma tríade que diante da outra tríade, a do espírito santo, grita mais do que seus próprios nomes. Grita por liberdade.

A mãe é a atriz Anna Magnani, uma das forças da natureza do cinema. O filme é Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini.

A cena é uma das mais fortes, belas e contundentes sequências que o cinema já criou, produziu e viu.

A corrida desesperada de Anna Magnani em Roma, Cidade Aberta.

Em poucos minutos o que se vê na tela é uma síntese do porquê de o cinema existir como arte, como documento, como imagem, como emoção. Ali, em poucos metros de filme, na velocidade de captação da câmera, do movimento dos corpos e das máquinas, temos um momento que é único porque é aquele exato instante em que a verdade explode na tela em preto e branco. A realidade, ainda que encenada, é mais poderosa que qualquer tentativa de pensamento.  Um corpo em movimento, como uma bailarina assustada que percorre toda a extensão do palco, ganha os contornos de ruas, sons, gritos, máquinas, sentimentos, dúvidas e nenhuma certeza. Ali, mesmo diante da mulher que é abatida e cai ao chão na mesma velocidade de sua corrida, sem qualquer artifício, está suspensa no ar, ela, a liberdade!

O clássico de Rossellini, com Anna Magnani e Aldo Fabrizi, é ele próprio um documento que atesta a liberdade, ainda que ela só viria um ano depois dos fatos abordados no filme. Uma das obras inaugurais do neorrealismo italiano, talvez o mais influente movimento da história do cinema, Roma Cidade Aberta é lançado no momento exato da libertação da Itália, apenas duas semanas antes do 8 de maio, o Dia da Vitória, que encerra a II Guerra Mundial na Europa.

O ano é 1945. Passados 80 anos, em meio às comemorações, nada mais oportuno do que rever a obra-prima de Rossellini. Roma, Cidade Aberta com seu registro preciso das consequências da guerra na vida de gente comum, mantém a sua imorredoura força.

O filme está disponível no YouTube, em versão legendada em português. Você pode assisti-lo no final deste artigo ou clicar aqui para vê-lo no Youtube

O maior de todos os heroísmos é mesmo sobreviver.

Agonia e Glória, de Samuel Fuller, um grande filme lançado em 1980, pouco visto, também está no streaming (Apple TV e Prime Vídeo). É um retrato primoroso do maior conflito bélico da história. Nele, um sargento veterano da Primeira Guerra Mundial lidera um esquadrão na Segunda Guerra Mundial, sempre na companhia de seus recrutas, o sobrevivente Griff, o escritor Zab, o ítalo-americano Vinci e o soldado Johnson. Participam das batalhas de Vichy na África Francesa, na Sicília e no derradeiro Dia D na Praia de Omaha, na invasão da Normandia.  Ainda acompanhamos o esquadrão nas campanhas de libertação da  Bélgica e da França, terminando em um campo de concentração na Tchecoslováquia, onde descobrem e encaram o verdadeiro horror da guerra.

No filme de Samuel Fuller, ele mesmo um ex-combatente, a lição de que no cinema nunca se deve cessar o combate, “quando alguém é atingido. Se um homem cai, continue. O que se pode fazer?” Tudo isso emoldurado pelo realismo mais contundente – soldados sujos, molhados, às vezes insanos, muitas vezes resignados. Cinematograficamente, entrega física e luta. E a certeza de que o maior heroísmo é mesmo sobreviver.  

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